A Guerra Liberal na cultura do Porto

A 8 de Julho de 1832 desembarcava na Praia dos Ladrões, actual Praia da Memória, o exército de D.Pedro IV, que entretanto resignara ao cargo de imperador do Brasil.  As tropas liberais organizaram-se nos Açores e eram constituídas por 7.500 homens. Na base do conflito estava a linha de sucessão ao trono português, depois de D.Pedro IV ter resignado à coroa. O seu irmão, D.Miguel, deveria ser o tutor do trono até que a filha do primeiro imperador do Brasil, D.Maria II, atingisse idade para governar. Contudo, assumiu o reino de Portugal e, sendo de  ideologias conservadores e católicas , mudou um conjunto de políticas designadas de “absolutistas”.

Quando o exército de D.Pedro IV desembarcou a norte do Porto, deslocou-se em direcção à cidade, o que se revelou um erro táctico. As forças absolutistas cercaram a cidade, num cerco que demorou mais de um ano. Em Agosto de 1833, o exército liberal conseguiu que o cerco terminasse, continuando a combater, por todo o país, até que no dia 26 de Maio de 1834, D.Miguel assinou a convenção de Evoramonte, renunciando a qualquer intenção em relação ao trono e a restauração da monarquia constitucional.

Estátua de D.Pedro IV na Praça da Liberdade

O Cerco do Porto tornou-se muito importante na cultura portuense. Desde logo no brasão da cidade, onde a rainha D.Maria II, filha de D.Pedro IV mandou inscrever o adjectivo “Invicta”, passando a frase no escudo a ser: “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto”, daí a cidade ser conhecida por “Cidade Invicta”. Para além disso, como forma de agradecimento, D.Pedro IV deixou em testamento, que o seu coraçã o deveria ser oferecido à cidade do Porto.

Apesar da importância histórica do rei na cidade, segundo o sacristão da igreja da Lapa, Joaquim Ribeiro, os turistas brasileiros são os que mais procuram visitar a igreja por causa de D.Pedro IV, uma vez que foi o primeiro imperador brasileiro, responsável pela independência do país. Para além disso, Joaquim Ribeiro explica que “o coração foi doado à cidade e não à Ordem da Lapa” e que o órgão se encontra naquele lugar pois “era a igreja que D.Pedro frequentava” e daí a Ordem ter o título de “Real e Venerável Irmandade da Nossa Senhora da Lapa”.

A presença das Guerras Liberais faz reflectir também nos nomes das ruas da cidade do Porto. Existem, por exemplo, a  rua Sá da Bandeira  e a Praça Almeida Garrett, homenageando importantes membros do exérci to liberal, mas também a rua dos Mártires da Liberdade ou a praça dos Voluntários da Rainha consagrando todos aqueles que estiveram a combater junto a D.Pedro IV.

Apesar de desconhecidos pelos portuenses, a cidade Invicta tem presente muitos elementos que remetem para esta fase conturbada da história de Portugal. Desde a cultura até a toponímia, o Porto actual começou a 8 de Julho de 1832.

Ouça aqui a reportagem sobre a presença do coração de D.Pedro IV na Igreja da Lapa, no Porto

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